Turismo cultural e o COMTUR
- Matiza Rigobello Lima
- há 3 dias
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“Os negócios turísticos obrigam a que cada lugar desenvolva um “produto cultural” para ter competitividade no mercado, o que leva, como se verá mais adiante, à invenção de tradições e identidades.
Ao mesmo tempo, o patrimônio deixa de ter valor como legado cultural em si próprio e passa a ter um significado comercial [...] o turismo que possui como principal atrativo a oferta cultural histórica tem contribuído para manter prédios, bairros e até cidades.
A preservação, a conservação e a recuperação do patrimônio histórico em sentido amplo fazem parte de um processo mais abrangente representado pela conservação e pela recuperação da memória.
E a memória é o que permite que os povos mantenham sua identidade."
(BARRETO, 2007, p. 91, 97).
Já falei aqui sobre nossa vocação para o turismo cultural em Mococa. Tenho participado do COMTUR - Conselho Municipal de Turismo desde alguns anos, muito anos por sinal, uns 20 anos pelo menos... observo em todo este tempo que as tentativas (foram erros e acertos) de se implantar o turismo em Mococa, passaram por alguns pontos que quero salientar.
O poder público nunca se envolveu efetivamente para que as ações do turismo se tornassem realidade por aqui. Os empreendedores do trade turístico também nunca fizeram ações ou participaram do COMTUR, com exceções como a Fazenda Nova, Fazenda Buracão (que são pioneiras no turismo rural brasileiro), Fazenda Prata, Fazenda Santo Antônio da Água Limpa, Fazenda Fortaleza e Fazenda Água Limpa.
Meios de hospedagem como hotéis, pousadas e, atualmente, as unidades de Airbnb, a gastronomia em geral (com exceção do Restaurante Mirabile), também não se empenham em fazer parte do conselho.
Sabemos que é através dos conselhos que as verbas estaduais e federais podem chegar ao turismo, também sabemos que são estes organismos que fazem as transições no caso de mudança de administração municipal. Sabidamente nossa cultura brasileira tem o péssimo hábito de dissolver as ações de administrações passadas em detrimento de favoritismos políticos, onde se apagam todas as conquistas de uma gestão para outra.
Fazer planejamento nas áreas do turismo ou cultura deve contar com uma estrutura baseada em pessoas capacitadas para, estrategicamente, cumprir com os trâmites burocráticos, documentações e providências que irão promover o crescimento do turismo. Parcerias com a região e participação nos grupos de RTs (regiões turísticas) são ações fundamentais na gestão pública que precisa ter pessoas comprometidas que, juntamente com os conselhos, irão fazer a diferença.
Fundamentalmente, concluo dizendo que os empreendedores nas áreas da gastronomia, meios de hospedagem, artesanato e cultura deverão estar presentes e atuantes, pois são os verdadeiros interessados diretos no assunto do turismo.
MOCOCA, CIDADE HISTÓRICA DO CAFÉ.
Matiza Rigobello Lima, arquiteta, está presidente do COMTUR em Mococa.
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